Eu sou automóvel
Sou computador
E minhas digitais
em pessoas e locais
Aparecem num visor
Que eu, multiprocessador
Liquidifico antes de dormir
Eu sou automóvel
Sou computador
E minhas digitais
em pessoas e locais
Aparecem num visor
Que eu, multiprocessador
Liquidifico antes de dormir
Danação! Desespero! Gritos!
Gritos não se ouvem, movem-se no ar num grande silêncio preto.
Crivam os gritos corvos as tábuas de salvação e as tábulas rasas, bem
como as covas arrazoadas dos envelopes de vida.
Quem gritou não ouviu; quem desesperou, esperava.
Um pedaço de nada é uma fé sem fiel, e contém um problema seu que não
sabe ouvir.
Feliz o surdo, o que não está, o que se compara a nada, o que chega sem
saber que partiu.
Grita quem não consegue se matar com um silêncio na cabeça.
Que sumam as beldades venturosas
Não quero as mães de meus filhos aeróbicos
Nem o enfeite de um homem impávido
Mas tu? tu partires?
A alma gêmea do trapo esquálido
A metade de uma jura de amor no sofrimento
Sofro que sofro por aí; sofro que sofro sozinho.
Ainda vago pelo nosso caminho e vejo teu sangue no cercado
No farpado da lembrança
da agonia feliz de sofrer junto, muito.
A cor do seu corpo oculta pela lama noturna
Rasteja por entre as flores rasteiras que crescem e minguam na areia.
Enegrecida, seus olhos acesos em rosa buscam vultos pra não encontrar.
Suspira salitre das ondas, que a praia espalha pros lados.
Tão longe esquecemos quem éramos e desnecessários que éramos.
No escuro, a prata e o silício reluzem silêncio.
Na praia, o vício de você me proporciona proporções.
A manhã traz um corpo doce estirado nas dunas que descreve arcos e me diz meu nome.
E eu me batizo da imagem.