Porque você disse isso?!

O germe dos websites dinâmicos, que não somente apresentam conteúdo fixado no texto já estava presente na invenção do hyperlink. A sintaxe é realizada pelo “leitor”, ele escolhe a ordem e a completude de toda leitura realizada online. Saltando de um texto a outro via cliques, é um co-autor, recompilador dos discursos disponíveis. Somado a isso vem a facilidade de publicar o próprio conteúdo. E potencializando o caldo final, entra também a facilidade, via Control-C / Control-V, de cristalizar as leituras das quais agiu em co-autoria inesperada, gerando um discurso final (embora fugaz e de originalidade questionável frente a padrões anteriores), que por sua vez está automaticamente submetido a estas mesmas regras de apropriação.

Estabelecida a fugacidade, o “nevermind” de tudo o que esteja presente na Internet, chegam os websites sociais, em cuja própria origem está o desejo de “arranjar mulher” (vide a história da criação do Friendster) e o conteúdo publicado não é mais algo que alguém gera, senão a presença deste próprio alguém: Não veja mais minhas criações, veja a mim mesmo. Ligado a isso estão plataformas que possibilitam “linkar” as pessoas, no início representações de conexões da vida real, seguidos por amigos-do-amigo e, fatalmente, gerando conexões geradas na cena virtual em si.

Ruminando o motivo inicial das redes sociais regurgitou-se algo totalmente diferente. A tônica é a corrida pela quantidade de conexões feitas, no melhor estilo “eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar” e, paradoxalmente, seguir cantando praticamente sozinho. É notável, websites sociais que exploram nichos não tem proporcionalmente o mesmo sucesso do que aqueles de escopo geral. Mesmo em termos nacionais, a “tomada” do Orkut pelos brasileiros basicamente matou o website para o resto do mundo. É necessário ter o mundo todo aos pés, ao menos em potencial.

É imprevisível o futuro destes websites, possibilidades incluindo até a fadiga ou o esvaziamento do modelo, pela simples passagem do tempo ou pela presença massiva de spam e de perfis falsos ou comerciais/promocionais. Mas o mais provável é a manutenção, ampliação e concentração das redes sociais. Mesmo que mais lenta do que a oferta de novidades, a vida das pessoas entrantes passa e o grande público da Internet (os jovens, que não experimentam qualquer estranhamento ou ruptura ao tomarem contato com um mundo em que ter um perfil do Orkut é norma) segue crescendo, conquistando renda própria e hábitos de consumo intrinsecamente ligados a essas tecnologias.

(voltei a postar, após atualizar o WP e tudo o mais, quando vi que tinha um “draft” velho aqui, meio sem começo e assim vai)