Até hoje se pergunta o porquê da reeleição de Lula, em um suposto contra-senso da tendência observada no primeiro turno. Claramente é impossível chegar a uma resposta final. O Bolsa Família é um dos líderes no pregão destas apostas de jogo terminado.
A liderança carismática de Lula, ainda forte entre as camadas mais pobres e em descenso entre as classes médias, gera confusão acerca dos meios e fins do programa, considerado populista. Populismo de verdade é a arte de fazer com que a nação esteja muito agradecida em não receber nada.
O Bolsa Família vem, depois de tantas panacéias, tratar de um problema simples (pessoas que não tem dinheiro) com uma solução simples (dar dinheiro às pessoas). Fosse um projeto mais complexo, de tantos que já vimos, tratado por especialistas e intelectuais, visando efeitos “nunca-dantes”, baseados nas teorias mais atuais de macroeconomia, da sociologia, da astrologia e da política, estaríamos com mais uma agência ou secretaria especial, mais um cabide de empregos, mais uma logomarca transada, mais publicidade na TV, mais comunistas-limonada a liderar oficinas disso e daquilo (sob as expensas do Estado).
E dá-lhe mais publicidade na TV, com criancinhas claramente pobres, embora sorridentes a demonstrar a uma nação desavisada que existe um programa revolucionário em andamento, embora ninguém veja. E assim que tomamos conhecimento dos programas sociais, assistindo pela telinha a inauguração de um prédio lindo, uma apresentação de tocadores de tambor, água cristalina jorrando em escovas de dente e lançamento de pedras fundamentais.
Enquanto a UEPP – a maravilhosa Universidade para Ensinar as Pessoas a Pescar – não entra em funcionamento, os beneficiários do Bolsa Família agradecem com razão a sardinha mensal recebida.