Eu adoro e-mail. Dar um toque em velhos amigos, que ficaram ou foram pra longe, “regar a plantinha” e tal; trabalhar (bem mais fácil com os gringos), evitando gastar dinheiro e alegria pelo telefone. Mas tem aqueles e-mails pentelhos que você vai receber uma vez por mês de desocupados variados. Um dos campeões é o da lista gigante de troços dos anos oitenta. E dá-lhe magaiver, boneca não-sei-o-quê etc. Tenho algumas lembranças dos anos oitenta, e antes que elas se esvaneçam em fumaça, sigo a regra, mas sem encher a caixa de ninguém:
– Aula de Educação Moral e Cívica (que não funciona), Organização Social e Política do Brasil e Educação Para o Trabalho (idens);
– Foto do Figueiredo na primeira página dos livros escolares;
– Delfim, Maluf, Abi Ackel, Cesar Cals, Ernane Galvêas, Bob Fields, Passarinho no Jornal Nacional e meu pai imprecando;
– Tentar ajustar o horizontal da TV;
– Plantão pra gravar cassete com música do Chico Buarque na FM;
– LP com faixas riscadas pela censura;
– Cartazes de fugitivos políticos no poste em frente à lotérica;
– Ouvir disco do Juca Chaves, proibido para menores de 18.
– Ver o “alvará” dos filmes no cinema antes da projeção, assinado pela Solange Hernandes (aquilo parecia um cheque vagabundo);
– Ver o adesivo (ou colante) “oPTei” em carros fodidos;
– Ver o prefeito nomeado de Santos desfilar num jipe militar no sete de setembro;
– Revista Veja subversiva;
– E por ai vai.
2 responses to “Fw: Fw: Fw: Cc: Re:”
Confesso que vivi a maioria dessas situações, mas também confesso que não tenho muita saudade não.
Lembro de quase tudo, mas um ponto me chamou a atenção: Revista Veja subversiva. Foi isto mesmo? Ou terá sido uma subversão previamente acordada, orquestrada e autorizada? Não me lembro de Civitas, Mesquitas e Marinhos batendo muito de frente, não (exceto nos últimos quatro anos).
Agora, falando de e-mail e internet, adoro tudo isto desde a primeira vez e creio que o seu uso tende a melhorar muito. Os pentelhos que ficam encaminhando correntes, mensagens lindas entre outras tranqueiras, ainda não perceberam que não estão agradando. Se tudo fosse verdade, o fato de não ter encaminhado todas as mensagens que me ameaçavam de mil anos de azar e desgraças, eu já estaria duro e seco.
Faço tudo o que posso por e-mail e internet. Só acho que eles falham por dois motivos: ainda não consegui tirar dinheiro vivo do meu micro; não consigo fazer com que a internet diminua a minha barriga.