Jornalismo verdade

Jornalismo VerdadeEu sei que nenhuma imagem passa da câmera para as folhas da revista sem uma boa editada; como operador de Photoshop, fica difícil apreciar um desses ensaios da Playboy com aquele olhar franco e puro de adolescente. Penso até que seria bom marketing deixar uma ou outra “imperfeição”, escolhida a dedo, emprestando um pouco mais de realismo a um ensaio fotográfico. Uma espécie de promessa, potencial tátil.

Assinante de jornal, experimento fases de leitura ávida intercaladas com uma preguiça absoluta. Por vezes a necessidade de estar a par de tudo dá lugar a um sentimento déjà vu, e acabo achando absurdo quem está achando qualquer coisa absurda. A vontade que todo mundo tem de fazer figa pra alguém acaba se dirigindo para os mesmos fazedores de figa. Nestas estações me dá a certeza de que articulistas reclamões não estão fazendo nada além do que um trabalho chato de funcionário.

Outra alternância que experimento é a da especificidade do Brasil. É um país ímpar ou não? Minha tardia visita a uma terra estrangeira me fez, pelo menos, crer que o sentimento de que o Brasil é especial (para o bem ou para mal) é um erro estratégico, ou um mero erro. O brasileiro não é orgulhoso; o brasileiro é soberbo.

De qualquer forma, quando um indivíduo aparece com seu hardcore no jornal e sua parceira com seu softcore na revista masculina, e os dois eventos, com o mesmo peso na opinião, não geram nada além de um suspiro de fastio, dá pra vivenciar uma faceta do que é ser especificamente um brasileiro. Então tudo depende da fase em que me encontro. Fase de soberba perversa, do tipo “tentem entender esse meu país, gringos!”, ou fase “um tango na vitrola, uma dose de gim e giletes, por favor”.