Uma paráfrase de Jorge Luis Borges
A presença falseada em ícones,
segue parado;
se refletisse, descobriria uma nova dimensão da desimportância
e pensa no mar ou na metrópole,
mais vivos para ele que este arraial
complexo de passado, não de idéias,
aonde o leva a prostração de um homem
cujas dívidas verdadeiras estão longe.
Numa casa fervente
se barbeará depois diante de um espelho
que não permanecerá inteiro
e lhe parecerá que este rosto
é mais digno de confiança e de piedade
que a alma que o habita
e que o pó vermelho e cinza lavra.
Cruzará contigo numa rua
E talvez notes que é alto e encurvado
E que parece um cego ao mirar cismando.
Ninguém
lhe ofertará coisa alguma
entrada alguma. O homem
previne a memória de tudo o que encontra, mas maldito,
anos depois, quem sabe onde,
o cheiro, o comum.
Essa noite, seus olhos marejados,
num difusor das formas solitárias,
a falsa tradição e sua incrível longevidade,
porque o sertão abarca o planeta
e se espelha nos sonhos dos homens
que nunca nele pisaram.
Na assustadora penumbra, o derrotado
se julgará no que seja uma cidade
e o surpreenderá encontrar algo aquém,
de outra linguagem, que o céu condena.
Antes da agonia,
o inferno e o engano nos foram dados;
perambulam agora por estas paragens, podres,
que para o forasteiro do sonho do outro
(o forasteiro que fui sob outros signos menores)
é uma série de imagens exatas
talhadas para o olvido.