Por acaso, tantos anos depois da minha graduação, cai em minhas mãos uma encomenda de monografia feita por um professor a um amigo meu querendo se formar. Nela, lê-se:
“[…] evite, ao máximo, fontes da Internet”
Além da facilidade em simplesmente copiar e colar trechos de trabalhos encontrados online está a facilidade em encontrar as mesmas fraudes. Renegar a Internet como meio de difusão de conhecimento é mesmo algo típico de um educador do marketing – como um assunto tão jovem e de alicerces tão fofos pode reunir tanto obscurantismo, como se fosse uma confraria milenar de um saber revelado?
Não passa de mais um elemento na lista para se fazer um trabalho “que passa de ano”: ter certo comprimento, usar certo vocabulário legitimador, citar um texto (se existir) do fessor, jamais desrespeitar a formatação de uma edição qualquer da ABNT (tesconjuro!) e, agora, “evitar, ao máximo, fontes da Internet”.
O pacto da mediocridade existe no ensino superior, bem como em tantas áreas da nossa ação social. Um lado quer não mais que o suficiente para colocar as mãos em um diploma, livrar-se de ao menos um dos carnês que paga. Além do mais, tem um trabalho que o consome, consome seu tempo e que, aliás, obrigou-o a caçar o tal certificado (é só aguardar a “necessidade irrevogável” de uma pós). O outro lado, que encomendou um trabalho que não vai julgar atentamente na esfera de seu conteúdo, não se pode imaginar o que queira. Buscando no dicionário tutor e tutelado, percebe-se quem tem a maior responsabilidade no tal pacto, que segue bem, obrigado.
Seguem dois links, auto-explicativos:
Darwin, Charles – A Origem das espécies
One response to “Graduação, indigerível”
Voltou a escrever aqui! Fiquei um tempo fora do ar.
Essas duas frases frases aí de cima foram copiadas da Internet.
Como eu queria poder xingar as pessoas que me contratam. Seria muito mais feliz!